Na mais recente performance do circo jurídico nacional, o ministro Alexandre de Moraes finalmente decidiu mostrar serviço ao colocar atrás das grades o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Uau, apenas 30 anos depois do impeachment! Essa rapidez impressionante demonstra o quanto nossa "justiça" trabalha com eficiência quando quer.
MANUAL DO LADRÃO BEM-SUCEDIDO: ROUBAR CEDO, PAGAR (TALVEZ) TARDE
Collor, aos 75 anos, agora enfrenta as consequências de seus atos... ou melhor, de ALGUNS de seus atos. Porque no Brasil, a justiça funciona como um buffet: você escolhe quais crimes quer investigar e quais prefere ignorar. O timing é impecável - esperar que o acusado esteja idoso o suficiente para alegar comorbidades e tentar prisão domiciliar. Genial!
OS NÚMEROS NÃO MENTEM: O MORAES DE DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS
Enquanto Collor recebeu uma pena de 8 anos e 10 meses, que já busca converter em prisão domiciliar em sua luxuosa mansão do Lago Sul - conhecida como "Casa da Dinda" - mais de 1.200 brasileiros comuns foram denunciados pelos atos de 8 de janeiro, com centenas ainda presos.
Vejamos alguns exemplos gritantes desta justiça de conveniência:
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Maria de Fátima Mendonça, 67 anos, dona de casa, condenada a 14 anos de prisão por "golpe de Estado" - quase o dobro da pena de Collor que desviou milhões.
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Matheus Lima, 22 anos, entregador, sem antecedentes criminais, condenado a 17 anos de prisão, em regime fechado e sem direito a qualquer benefício.
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Antônio Cláudio Fernandes, 45 anos, motorista, condenado a 15 anos por "atos antidemocráticos" - quase duas vezes a pena de quem esvaziou os cofres públicos.
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Francisca Elizete, 56 anos, vendedora ambulante, presa preventivamente por 8 meses antes de qualquer julgamento, enquanto Collor pôde responder em liberdade durante décadas.
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João Paulo Rodrigues, 38 anos, agricultor, condenado a 12 anos por "deterioração de patrimônio público" - aparentemente mais grave que desviar milhões destinados à saúde e educação.
O LUXO DA CORRUPÇÃO VS. A MISÉRIA DO PROTESTO
Enquanto os condenados do 8 de janeiro enfrentam celas superlotadas, sem visitas e condições sanitárias precárias, Collor articula sua transferência para a mansão da Dinda - uma propriedade de 7.000 metros quadrados avaliada em milhões, com piscina, jardins e todo conforto que o dinheiro público desviado pode comprar.
O "terror" da prisão domiciliar para Collor inclui: serviçais para atendê-lo, refeições gourmet preparadas por chef particular, acomodações luxuosas e a dignidade que jamais foi oferecida aos manifestantes comuns que lotam presídios em condições desumanas.
A RÉGUA ELÁSTICA DO STF: QUANDO O CRIME DEPENDE DE QUEM COMETE
Enquanto Moraes movimenta os holofotes para mostrar que "ninguém está acima da lei", o Supremo continua aplicando sua famosa jurisprudência flutuante - aquela que muda conforme o réu, o clima e, principalmente, os interesses do momento.
A prisão de Collor não representa o triunfo da justiça, mas sim a confirmação de um sistema onde a perseguição é seletiva e as togas parecem pesar diferentes dependendo de quem está na mira. Afinal, quantos outros políticos continuam soltos, com fortunas inexplicáveis e carreiras intocadas?
DICAS PARA ASPIRANTES A CORRUPTOS: ESCOLHA BEM SEUS INIMIGOS
O caso Collor nos ensina uma valiosa lição: no Brasil, o crime não está em desviar milhões dos cofres públicos. O verdadeiro erro está em cair no radar errado, em desagradar as pessoas erradas, ou simplesmente em não ter mais utilidade política.
Enquanto um tribunal que deveria ser o guardião da Constituição se transforma em palco para demonstrações de poder pessoal, o povo brasileiro assiste atônito à peça tragicômica onde a justiça aparece vendada não por imparcialidade, mas por conveniência.
O VERDADEIRO CRIME: ACREDITAR QUE ALGO VAI MUDAR
O mais irônico nesta saga não é ver Collor preso décadas depois de seus crimes mais famosos. É perceber que o sistema que deveria nos proteger da corrupção se tornou tão corroído quanto aqueles que deveria julgar.
Enquanto o STF e certos ministros com perfil de celebridade continuam escolhendo seus alvos a dedo, a mensagem fica clara: no Brasil, roubar dinheiro do povo pode até ter consequências - mas só se você não souber jogar o jogo certo, com as pessoas certas.
E assim segue nossa República, onde a justiça chega sempre atrasada para os poderosos, mas é implacavelmente veloz para os cidadãos comuns. Um país onde quebrar uma janela no Palácio do Planalto é mais grave que desviar milhões da saúde pública. Onde a toga se transformou em capa de super-herói para alguns ministros que decidem, a seu bel-prazer, quem merece o peso da lei e quem merece suas bênçãos.

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