Em uma demonstração de força que atravessou fronteiras estaduais, a Polícia Civil de Rondônia desferiu um golpe certeiro contra o crime organizado ambiental nesta segunda-feira (23/12). A Operação Citrus Cinensis, coordenada pela 2ª Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO2), mobilizou um impressionante contingente de 120 agentes em uma ação sincronizada que se estendeu por cinco municípios rondonienses e alcançou até mesmo o estado da Paraíba.

O alvo da operação: uma elaborada rede criminosa que transformou a devastação ambiental em um lucrativo negócio, utilizando métodos sofisticados para burlar os sistemas de controle e fiscalização. As investigações revelaram um esquema meticulosamente arquitetado que manipulava o Sistema de Documento de Origem Florestal (SisDOF), transformando madeira ilegal em produto aparentemente legítimo através de uma complexa teia de fraudes.

"Estamos diante de um caso que vai muito além da simples extração ilegal de madeira", explica o Delegado-Geral da Polícia Civil de Rondônia, Dr. Samir Abboud. "Os criminosos desenvolveram um sistema complexo que envolvia empresas fantasmas, laranjas e uma intrincada rede de documentação falsa para mascarar a origem da madeira extraída de áreas protegidas."

A operação, que contou com a parceria estratégica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEDAM), resultou no cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão, distribuídos entre as cidades de Porto Velho, Ariquemes, Cujubim, Alto Paraíso e Machadinho D'Oeste, em Rondônia, além do município paraibano de Cruz do Espírito Santo.

O modus operandi dos criminosos impressionou os investigadores pela sua complexidade. O grupo utilizava movimentações fictícias de volumetria e inserção de dados falsos no SisDOF, criando uma fachada de legalidade para madeira extraída de áreas de preservação permanente e unidades de conservação. Esta prática não apenas burlava a fiscalização ambiental, mas também representava uma sofisticada operação de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

"A preservação ambiental é um dever de todos", ressalta o Delegado-Geral Abboud. "Não mediremos esforços para combater crimes que ameaçam nossas riquezas naturais e comprometem o futuro das próximas gerações." Esta declaração reflete o compromisso das autoridades em proteger o patrimônio ambiental brasileiro, especialmente em uma região que serve como último bastião de preservação da floresta amazônica.

A participação do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPA) e da Polícia Civil da Paraíba demonstrou o caráter interestadual da operação, evidenciando que o combate aos crimes ambientais requer uma abordagem integrada e coordenada entre diferentes órgãos e estados da federação.

Os impactos desta operação vão além da preservação ambiental. O esquema descoberto não apenas prejudicava o meio ambiente, mas também representava significativas perdas para os cofres públicos através da sonegação fiscal e da concorrência desleal com empresas que operam dentro da legalidade.

As investigações continuam em andamento, com as autoridades trabalhando na identificação de outros possíveis envolvidos e na recuperação de ativos obtidos através das atividades ilegais. A operação Citrus Cinensis marca um importante precedente no combate aos crimes ambientais em Rondônia, sinalizando que as autoridades estão atentas e preparadas para enfrentar esquemas cada vez mais sofisticados de crime organizado ambiental.

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