A seca extrema no distrito de Jaci-Paraná, localizado a 90 km de Porto Velho, Rondônia, deixou mais de 500 famílias sem acesso a água potável nos últimos três meses. Sem água encanada, a população depende de poços artesianos que secaram devido ao nível historicamente baixo do Rio Madeira. Com o rio atingindo uma cota mínima de apenas 19 centímetros recentemente, a escassez de água tem impedido os moradores de realizarem atividades básicas, como cozinhar e tomar banho.
"Agora deu duas chuvas, mas infelizmente não adiantou nada. Os poços continuam do mesmo jeito", desabafa Maria Francineide, uma moradora da região, ao descrever a frustração de tentar buscar água sem sucesso. A seca do rio Madeira, um dos mais extensos do Brasil, com 3,2 mil quilômetros de extensão, transformou o que antes era um curso d'água navegável em um deserto de areia, comprometendo a vida dos ribeirinhos e a economia local.
Ajuda Escassa e Dificuldades no Abastecimento
A situação em Jaci-Paraná se agrava pela falta de assistência adequada das autoridades. Os moradores relatam que a única ajuda tem vindo de voluntários, que distribuem água mineral e enviam caminhões-pipa às áreas mais afetadas. A prefeitura de Porto Velho afirma ter solicitado apoio da Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd) para auxiliar no abastecimento da região, mas, até a última atualização, a companhia não havia dado uma resposta oficial.
Impactos Econômicos e Energéticos
A crise hídrica vai além do abastecimento doméstico. Pela primeira vez na história, o Porto de Cargas de Porto Velho, essencial para o escoamento de produtos como soja e biocombustíveis, teve suas operações paralisadas. Desde 23 de setembro, as grandes embarcações não conseguem navegar devido à baixa profundidade do rio.
A situação também afeta as hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, que operam com capacidade reduzida, colocando em risco a integridade das turbinas e a segurança do fornecimento de energia na região. A vazão do rio caiu além do previsto, acentuando os desafios para a geração elétrica em um dos principais polos de energia do país.
Adaptando-se à Nova Realidade
Em meio a essa crise, os moradores de áreas ribeirinhas, como o distrito de Calama, estão se adaptando como podem. Pescadores têm usado as hélices de suas embarcações para abrir "caminhos" na lama, enquanto outros são forçados a atravessar a pé áreas que antes eram navegáveis. O cenário revela a gravidade do impacto da seca, transformando o leito do Rio Madeira em um vasto deserto de areia.
A crise hídrica que assola Jaci-Paraná e regiões próximas expõe a vulnerabilidade das populações locais e destaca a urgência de políticas públicas eficientes para garantir o acesso à água. A continuidade dessa situação pode causar danos ainda mais profundos na vida cotidiana, na economia e na infraestrutura de energia.
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