Ah, a política, esse palco onde promessas se transformam em aplausos e, depois, em silêncio constrangedor. Durante a campanha, eles surgem como salvadores da pátria, acessíveis e sedentos por atenção. São mestres em atender ligações, visitar casas, e até dar aquele tapinha nas costas no mercado. “Pode contar comigo! Jamais esquecerei quem me ajudou!”, proclamam, olhos brilhando de determinação.
E o povo acredita. Afinal, quem não se encanta com tamanha humildade? Amigos, parentes e até vizinhos do terceiro grau entram no jogo, oferecendo apoio, gastando energia e tempo para impulsionar aquele que parece ser "diferente". As ligações são constantes. “Me ajuda, é a última semana!”, dizem com voz embargada de emoção. E quem resiste a ajudar? É como se cada voto depositado fosse um tijolo na construção de um sonho coletivo.
Mas eis que chega o grande dia. A contagem dos votos confirma a vitória, os fogos de artifício explodem no céu e, no palco da celebração, lá está ele: o vitorioso, agradecendo ao povo, ao apoio, à confiança. Promessas de “não vou decepcioná-los” ecoam no ar. É bonito de ver.
Porém, a mágica se desfaz com a mesma velocidade que os balões murcham na festa da vitória. O telefone do novo eleito, antes tão disponível, vira peça de decoração. Toca, toca, mas ninguém atende. O WhatsApp? Mensagens visualizadas, mas sem resposta. Aquele amigo de campanha, que dizia "você é especial para mim", agora age como se nunca tivesse conhecido ninguém.
Quando finalmente alguém consegue encontrá-lo, vem a desculpa padrão: “Minha agenda está lotada, sabe como é, muitas demandas agora.” Ah, claro, quem diria que um cargo público teria tantas obrigações, não é? A ironia está no fato de que essas mesmas pessoas, que agora são ignoradas, ajudaram a abrir as portas para essa "agenda cheia".
O que resta é o amargo sabor da decepção. O antes “amigo do povo” revela a face oculta: a do político que sobe sozinho ao topo e deixa todos que o ajudaram para trás. Gratidão? Só foi usada como estratégia. Promessas? Palavras ao vento. O único compromisso real parece ser com o próprio ego.
Então, fica o aprendizado: na próxima eleição, olhe além do sorriso e das palavras doces. Porque o verdadeiro caráter de um candidato não está em como ele pede ajuda, mas em como ele retribui – ou não – depois de conseguir o que queria.
Afinal, esquecer é uma arte. E muitos desses candidatos são verdadeiros artistas.
Comentários: